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terça-feira, abril 24, 2007

ontem, enquanto comia o pão com cereal nosso de cada dia, vi uma matéria bem interessante no programa da ana maria braga. o assunto era mercado de trabalho e as dificuldades que os jovens enfrentam para conseguir emprego. no começo pensei que o papo fosse ficar na abordagem desgastada da necessidade de qualificação, iniciativa, enfim, essas bobagens todas que enchem páginas de revistas e alimentam as últimas ilusões dos desempregados. eu já estava terminando a refeição quando a apresentadora chamou o escritor rubem alves para conversar. preciso como um samurai, ele começou o papo criticando a importância que o mercado dá para o diploma universitário. foi o suficiente para eu atrasar minha ida à musculação. em seguida ele soltou aquela que acho a mais brilhante idéia sobre ensino universitário já dita em programa televisivo matinal. ele disse que as universidades deveriam oferecer, paralelas aos cursos acadêmicos, aulas dos chamados ofícios. dessa forma, o aluno de odontologia seria obrigado a freqüentar aulas de marcenaria, tapeçaria ou serralheria, de acordo com a afinidade. o escritor argumentou que seria uma maneira de dar ao aluno uma segunda opção profissional, ao mesmo tempo que valorizaria as funções que não necessitam de um diploma universitário. eu achei a idéia fantástica. fiquei a imaginar quão diferente seria minha vida se em vez de perder tempo nas reuniões do movimento estudantil, tivesse tomado aulas de estamparia ou pintura em paredes. sem dúvida seria melhor. se achou a idéia estapafúrdia, saiba que steve jobs largou a faculdade e sem ter o que fazer foi estudar caligrafia, um lindo mas pouco útil ofício. jobs afirma que aquelas lições foram a base das maravilhas que ele veio a criar anos depois.

outra do rubem alves: ele odeia e não sabe fazer análise sintática. quase chorei de alegria quando ouvi aquilo. sabe, escrevo da mesma forma que corro. tenho bom condicionamento físico (excepcional para um jornalista) e não faço feio no calçadão, mas sinto um medo danado de tropeçar nas próprias pernas. é sério, não é paranóia de perdedor nato. às vezes percebo as meias se encontrando. com a escrita é a mesma coisa. tenho boas idéias, boas influências, mas tropeço nos tempos verbais, nas concordâncias mais complicadas e na colocação dos pronomes.

de agora em diante minhas corridas e meu batuques no teclado do computador ficarão mais confortáveis, pois rubem alves me ensinou que não é a perfeição da passada que faz o bom corredor.

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