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sábado, abril 19, 2008

Esses dias fui à Polícia Federal tirar o passaporte. Consegui uma carona de última hora que me fez chegar uma hora antes do horário agendado. Enquanto esperava, fui interpelado por um homem dos seus 50 anos que também iria ser atendido. Ele me perguntou se eu estaria tirando passaporte para ir a Portugal. Eu respondi a verdade e disse não. Pensei uns segundos e completei com uma mentira. Disse que estaria indo para a Argélia. O cara me perguntou o que eu iria fazer lá e eu respondi que ira trabalhar como motorista de uma grande construtora. O sujeito começou a se interessar e me bombardeou com um monte de perguntas que exigiram muito da minha capacidade criativa. Disse que era jornalista (única verdade) e estava insatisfeito com o salário de fome, por isso aceitei uma proposta de receber cinco vezes mais para trabalhar em um país em guerra, que era uma missão muito perigosa, mas resolvi arriscar, disse que eu havia tomado 32 tipos diferentes de vacina, que tinha uma filha de dois anos e que se fosse flagrado com bebida alcoólica seria condenado a prisão perpétua. A mentirada durou uns 30 minutos e ajudou a gastar meu tempo e aliviar meu tédio. Quando o homem foi atendido, se despediu de mim meio consternado, desejou um sincero boa-sorte e pediu que eu lesse um versículo da bíblia, do qual não me recordo. Então, descobri que o tapeado era crente.

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