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segunda-feira, fevereiro 05, 2007

parece que foi ontem (parte II)

1997 não foi cordial na sua chegada. De cara, levou um dos meus ídolos da época. Lembro-me do meu irmão me acordando com a notícia:
- Marcos, Chico morreu.
- Que Chico, o da pelada?, respondi, ludibriado pela intimidade com que tratava o músico.
- Não, Chico Science.
Mas não foi essa tragédia que tornou aquele ano inesquecível para mim. 97 foi o ano do rock’n’roll em Vitória. E foi o ano do rock’n’roll para mim. Como me diverti! Na época sonhava em ser um rock star. Tinha uma banda e a ilusão, não ilusão, utopia mesmo, de compor, ensaiar, tocar no Centro de Artes da Ufes e de lá conquistar o mundo, viajar, namorar as melhores mulheres da cena, dar autógrafos e vestir roupas transadas. A banda chamava-se Deuses da Idade da Pedra, nome de um texto que vi em um livro de Português da sétima série. O google não me deu nenhuma pista do autor do tal texto.
Foi em 97 que assisti ao lendário show do Fugazi em Vitória. Entramos, eu e outros, graças à desonestidade do segurança, que aceitou um suborno ínfimo para liberar a entrada. Antes disso, na imediações do Camburi Club, pude pedir um autógrafo a um membro da banda que resolvera dar uma voltinha na rua. Em vez de um pedaço de papel, pedi que ele assinasse a capa do meu disco azul do Weezer.
Bons tempos aquele. Diferente de hoje, a cena não era impregnada por sujeitos com franjinhas e cintos de tachinhas. Nem por fãs de bandas de um verão só. Tudo parecia mais autêntico, sincero. Dava para sentir a vibração do rock no ar. Os show do Centro de Artes era a prova disso. Gente inspirada, bandas legais e mulheres bonitas.
Tudo bem, eu era dez anos mais novo. Não tinha um por cento do ceticismo e amargor que cultivo hoje. Além disso, bebia mais de que bebo hoje. Mesmo assim nada tira da minha cabeça que aquele ano foi um dos melhores da minha vida. Não tira mesmo.

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