quinta-feira, agosto 17, 2006
não sei por que lembrei de uma certa história hoje de manhã. talvez a lembrança veio de alguma música do meu chino-MP3 ou de alguma coisa que vi, sei lá. sabe, eu tenho a capacidade de viajar de um canto a outro no espaço-tempo em questão de segundos. uma frase em um livro pode me levar a um filme, que me conduz a uma aula chata na faculdade, de onde sou arremessado para o ano de 1989, ou 98, ano da história que vou contar.
na época eu sonhava em ser rock star. tinha um contrabaixo, um golden bem bonito. eu tinha também um colega com razoável trânsito na cena (under)underground. um dia esse cara, que vou chamar de M, ligou pra mim dizendo que dois amigos dele queriam um baixista e um baterista para formar uma banda. as influências: sonic youth, cure, smiths.... achei legal. marquei de encontrá-los em um sábado, na casa de M.
dia marcado fui lá. os caras, que vou chamar de C e R, iriam telefonar assim que desembarcassem do ônibus. não precisei esperar muito. fomos buscá-los. dissimuladamente, consegui conter o riso ao ser apresentado aos dois. C e R pareciam um dupla sertaneja em início de carreira. ou dois evangélicos neo-pentecostais. bem afinados em relação ao figurino, vestiam camisas de abotoar e calças compridas. um, não lembro qual, usava calça social. nos pés, sapato social e chinelo. R segurava uma sacola e C um violão velho e verde, que me lembrou do Som Brasil nas manhãs de domingo. o que M foi me arranjar?, pensei.
quem nunca ouviu dizer que as aparências enganam?
pois fui enganado. da sacola dos caras saíram daydream nation do sonic youth, velvet underground (da banana), mudhoney, dois do pixies (bossa nova era um deles), joy division. aquilo, em 98, sem a farra de MP3 de hoje, me fez babar. depois foi a vez de mostrarem as composições. não é que eram boas? aceitei o convite.
uns seis meses depois C me chamou pra fazer um ensaio. tarde demais. eu estava centrado em outras coisas, desanimado com as dificuldades de sempre - falta de equipamento, de baterista, de lugar para ensaiar - e recusei, depois de uma conversa regada a patti smith e neil young. o indie pentecopos ficou triste.
nunca mais o vi depois daquele dia. alguns meses mais tarde, descobri que ele virara crente.
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na época eu sonhava em ser rock star. tinha um contrabaixo, um golden bem bonito. eu tinha também um colega com razoável trânsito na cena (under)underground. um dia esse cara, que vou chamar de M, ligou pra mim dizendo que dois amigos dele queriam um baixista e um baterista para formar uma banda. as influências: sonic youth, cure, smiths.... achei legal. marquei de encontrá-los em um sábado, na casa de M.
dia marcado fui lá. os caras, que vou chamar de C e R, iriam telefonar assim que desembarcassem do ônibus. não precisei esperar muito. fomos buscá-los. dissimuladamente, consegui conter o riso ao ser apresentado aos dois. C e R pareciam um dupla sertaneja em início de carreira. ou dois evangélicos neo-pentecostais. bem afinados em relação ao figurino, vestiam camisas de abotoar e calças compridas. um, não lembro qual, usava calça social. nos pés, sapato social e chinelo. R segurava uma sacola e C um violão velho e verde, que me lembrou do Som Brasil nas manhãs de domingo. o que M foi me arranjar?, pensei.
quem nunca ouviu dizer que as aparências enganam?
pois fui enganado. da sacola dos caras saíram daydream nation do sonic youth, velvet underground (da banana), mudhoney, dois do pixies (bossa nova era um deles), joy division. aquilo, em 98, sem a farra de MP3 de hoje, me fez babar. depois foi a vez de mostrarem as composições. não é que eram boas? aceitei o convite.
uns seis meses depois C me chamou pra fazer um ensaio. tarde demais. eu estava centrado em outras coisas, desanimado com as dificuldades de sempre - falta de equipamento, de baterista, de lugar para ensaiar - e recusei, depois de uma conversa regada a patti smith e neil young. o indie pentecopos ficou triste.
nunca mais o vi depois daquele dia. alguns meses mais tarde, descobri que ele virara crente.
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